O furor causado pelo anúncio do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, de que o seu país vai adotar a bitcoin (BTC) como moeda com curso legal deixa mais perguntas do que respostas. A decisão do presidente, caso se concretize, tornaria a nação centro-americana a primeira do mundo a adotar a criptomoeda como parte da sua política monetária.
Depois de anunciar a notícia no segundo dia da conferência Bitcoin 2021, Bukele compartilhou suas razões para optar pelo BTC no Twitter. Para o chefe de Estado, existem três aspectos da economia nacional que poderiam ser significativamente melhorados com uma legislação que apoie o uso da principal criptomoeda.
A decisão de adotar a bitcoin como moeda com curso legal
Bukele acredita que a legalização do bitcoin como sistema digital e criptomoeda ajudará El Salvador a atrair novos investimentos, tornará mais eficiente o recebimento de remessas e atenderá àqueles que estão fora do sistema bancário. O presidente referiu-se à capitalização de mercado do BTC e sugeriu que, se alguns desses fundos fossem canalizados para o país, haveria benefícios económicos.
“A Bitcoin tem uma capitalização de mercado de 680 mil milhões de dólares. Se 1% desse valor for investido em El Salvador, isso aumentará nosso produto interno bruto (PIB) em 25%”, disse Bukele sobre um hipotético investimento de US$ 6,8 bilhões em seu país.
O presidente não especificou de onde viriam os fundos, ou seja, se seriam investimentos de empresas de bitcoin que se instalam no país, iniciativas de comunidades de criptomoedas ou a criação de empresas de capital misto para construir novas infra-estruturas tecnológicas.
Transferências de dinheiro mais eficientes graças à bitcoin
O impulso da bitcoin em El Salvador tornaria mais eficiente a receção de remessas, uma das principais fontes de rendimento do país. Atualmente, cerca de 25% dos agregados familiares salvadorenhos recebem dinheiro do estrangeiro para os seus pagamentos e despesas de consumo. No entanto, uma grande percentagem dos fundos fica nas mãos de intermediários.
Para Bukele, o bitcoin resolveria esta situação com milhões de dólares de rendimento direto para os seus habitantes, evitando a cobrança de comissões, o manuseamento de dinheiro e uma possível redução da taxa de criminalidade.
“A bitcoin terá 10 milhões de novos utilizadores potenciais e um método em rápido crescimento para transferir 6 mil milhões de dólares por ano em remessas. Além disso, uma grande parte desses 6 mil milhões de dólares perde-se com os intermediários”, acrescentou.
O critério de Bukele é que, ao utilizar a bitcoin como sistema digital e moeda criptográfica, o montante recebido por mais de um milhão de famílias com baixos rendimentos aumentará o equivalente a milhares de milhões de dólares por ano. “Isso melhorará a vida e o futuro de milhões de pessoas”, disse ele.
Bitcoin para os sem-banco
A legalização da bitcoin como moeda nacional permitiria ao governo servir milhões de pessoas sem conta bancária. De acordo com Bukele, 70% dos salvadorenhos não têm conta bancária e trabalham na economia informal.
“A inclusão financeira não é apenas um imperativo moral, mas também um meio de fazer crescer a economia do país, proporcionando acesso ao crédito, à poupança, ao investimento e a transacções seguras”, publicou o presidente na rede social.
O projeto de lei para o reconhecimento da bitcoin será apresentado à Assembleia Legislativa na próxima semana, anunciou Bukele ontem (5 de junho). O Presidente espera que a primeira criptomoeda seja apenas o início da criação de um espaço em que alguns dos principais inovadores possam reimaginar o futuro das finanças.
Para reforçar o seu apoio à bitcoin e incentivar a sua adoção, Bukele juntou-se também à tendência da comunidade bitcoin, mudando a sua fotografia de perfil no Twitter para uma com “olhos de laser”.