O governo chinês decidiu ser líder no campo do blockchain, uma tecnologia que permitiu a criação de praticamente todas as criptomoedas e tem milhares de aplicações potenciais, muito além das criptomoedas que já conhecemos, como bitcoin, ethereum, stellar, entre outras. Hangzhou, a cidade natal do Alibaba, investiu mais de mil milhões de dólares em startups especializadas em blockchain, enquanto Nanjing, outra cidade chinesa, investiu 1,5 mil milhões de dólares no mesmo sector.
Panorama histórico
Desde 2018, esses investimentos em blockchain liderados pelo governo central têm permeado o desenvolvimento da economia chinesa. O próprio governo central chinês tem sinalizado repetidamente que investirá pesadamente na tecnologia blockchain e acredita fielmente nela como um disruptor global. A título de curiosidade, a partir de meados de 2019, a China concebeu três vezes mais patentes de tecnologia relacionadas com a cadeia de blocos do que os EUA.
Na nova economia digital, é cada vez mais claro que aqueles que lideram uma determinada tendência, ou seja, aqueles que antecipam as próximas etapas da transformação humana, terão maior influência sobre aqueles que consomem as tecnologias presentes neste momento da história. Isto leva-nos ao mercado das criptomoedas e à influência da China nas regras do jogo.
Note-se que no início de 2018, a China assumiu o papel de capitalista de risco global, investindo fortemente para ser líder na tecnologia blockchain. Já em 2019, o presidente chinês Xi Jinping declarou abertamente que o país utilizará o blockchain em várias áreas da indústria, incluindo saúde, transporte e, por que não, no sistema financeiro?
Neste momento, não podemos confundir o crescente interesse mundial pelas criptomoedas com o interesse da China pela blockchain, pois há uma diferença trivial entre a natureza especulativa das criptomoedas e o interesse efetivo da China pela tecnologia que lhes deu origem.
Se a aplicação mais conhecida da blockchain é a bitcoin, porque é que a China está tão interessada nesta criptomoeda? A resposta a esta pergunta e a muitas outras sobre a China e o futuro da mineração de criptomoedas no país pode ser resumida numa palavra: “Controlo”.
A China é o país a vigiar
O Partido Comunista Chinês não parece lidar bem com o controlo descentralizado, o que se reflecte diretamente na bitcoin, uma vez que qualquer criptomoeda dá aos cidadãos poder sobre as suas próprias relações económicas, que são, na sua maioria, reguladas pelos governos “até certo ponto”, mesmo em economias liberais como a dos EUA.
Para já, a China não é certamente um “comerciante global” a ignorar. A investigação mostra que o eixo económico global de criação de riqueza nunca esteve tão a leste como nos últimos anos, o que, tendo em conta os milhares de milhões investidos pela China em blockchain, é uma garantia segura de que, se há um país a ter em conta quando se trata de blockchain, é a China.