À medida que a regulamentação global das criptomoedas se intensifica, a Rússia está a dar um passo estratégico neste campo: o Ministério das Finanças e o Banco Central estão a estabelecer uma parceria para lançar uma bolsa nacional de criptomoedas. Uma iniciativa que pode transformar a abordagem do país aos ativos digitais.
Cooperação sem precedentes entre instituições russas
- Um projeto conjunto: Pela primeira vez, duas instituições historicamente opostas no assunto, o Banco Central e o Ministério das Finanças, estão a trabalhar em conjunto numa infraestrutura nacional para a troca de ativos digitais.
- Um modelo controlado: Esta plataforma pretende ser supervisionada de perto pelo Estado, com normas rigorosas de conformidade e rastreabilidade, marcando uma clara vontade de controlar o sector e, ao mesmo tempo, integrá-lo na economia oficial.
Objetivos económicos e geopolíticos
- Redução da dependência do dólar: O projecto insere-se numa estratégia mais vasta de desdolarização, com a ambição de facilitar as liquidações transfronteiriças sem passar pelos sistemas financeiros ocidentais.
- Antecipação de sanções: Face às sanções económicas impostas desde 2022, a Rússia procura alternativas para apoiar o seu comércio internacional. Uma bolsa nacional de criptomoedas poderá oferecer uma saída para algumas restrições.
Uma bolsa de criptomoedas sob vigilância
O que isto implica:
- Supervisão rigorosa das transações digitais, em linha com a visão centralizada do Kremlin.
- A integração de tecnologias blockchain compatíveis com as normas russas, mas provavelmente fechadas a projetos descentralizados ou anónimos.
Limites a antecipar:
- Desconfiança dos investidores estrangeiros num sistema de criptomoedas totalmente controlado por um estado autoritário.
- Um risco de maior fragmentação do mercado global de criptomoedas, com blocos comerciais estanques entre o Oriente e o Ocidente.
Conclusão
O lançamento iminente de uma plataforma de criptomoedas pelo Estado russo, resultado de uma colaboração sem precedentes entre o Ministério das Finanças e o Banco Central, marca uma grande mudança na postura do país em relação aos ativos digitais. Por detrás da inovação tecnológica, surge uma visão geopolítica: a da soberania monetária digital. Resta saber se esta cripto-soberania atrairá confiança ou reforçará o isolamento.